O III SNNB será realizado nos auditórios e anfiteatros do CB/CCS (Centro de Biociências e Centro de Ciências da Saúde) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), localizados em áreas contíguas no Campus da UFPE. As palestras, conferências e mesas-redondas serão apresentadas no Auditório Jorge Lobo com capacidade para 280 lugares, além do Auditório Adélia Haten com 120 lugares. Os minicursos serão ministrados nas salas de aula do NIATE-CB/CCS e do LIG/CCS, incluindo atividades práticas em computador para sete dos 10 minicursos ofertados. Os espaços comportam estrutura que permitirá a realização de até cinco minicursos simultâneos. Cada participante poderá se inscrever em até dois minicursos.
Na área contígua ao auditório Jorge Lobo (CCS) existe um excelente espaço coberto para montagem de estandes e exposições, área que também está prevista para a montagem dos painéis do evento e para o coffee break.
O grande volume de dados das ciências ômicas (genômica, transcriptômica e proteômica, entre outras) geraram um grande desafio a partir dos anos 1990, que envolveu questões cruciais, como a forma de armazenar e comparar dados tão complexos, além de disponibilizá-los à comunidade científica. Esse desafio se tornou ainda maior na última década com o advento de sequenciadores de DNA de alto desempenho, capazes de sequenciar um genoma humano em um dia, tarefa que levava vários anos a apenas 15 anos atrás. Esses desafios geraram uma nova linha de pesquisa, denominada “Bioinformática” ou “Biologia Computacional”, além de novos desdobramentos mais recentes que demandaram a integração de bancos de dados de diversos tipos, gerando a “Biologia de Sistemas”.
A análise de dados genômicos, transcriptômicos e de proteoma em associação com modelos de redes metabólicas vêm auxiliando no entendimento de processos biológicos associados às ômicas de uma forma global, revelando, por exemplo, genes e proteínas associados a doenças e seus pontos de convergência de regulação. Em eucariotos, sabe-se que o controle da expressão se dá através de interações entre várias famílias gênicas que funcionam como gatilhos de cascatas de sinais, incluindo fatores de transcrição, quinases e fosfatases, gerando complexas redes de associação proteína-proteína, DNA-proteína, DNA-DNA ou, ainda, pequenas moléculas de RNA capazes de controlar a produção de produtos proteicos em nível pós-transcricional. Portanto, a complexidade da regulação da expressão nos organismos eucariotos apresenta-se como o resultado da combinação de diversos fatores, que englobam a estrutura e remodelagem da cromatina, bem como a percepção de sinais que ativam ou inibem a ação de diversos atores moleculares.
Definir a identidade e a função de genes, seus produtos e suas relações com outras moléculas para regulação nos diferentes organismos compreende uma etapa fundamental para a compreensão dos processos biológicos, incluindo diferenciação celular, morfogênese, determinação fenotípica, susceptibilidade a doenças, resistência a patógenos, a fatores ambientais, e capacidade de adaptação. Neste sentido, uma grande quantidade de informações biológicas vem sendo geradas por técnicas de sequenciamento de nova geração (NGS, Next Generation Sequencing), dando início à era das “ômicas” e da biologia de sistemas. Esta nova era na genética molecular compreende o estudo de transcritos (transcriptômica), de proteínas (proteômica), dos metabólitos celulares (metabolômica), entre outros, cujo principal objetivo é traçar perfis funcionais da célula e/ou tecido, fornecendo uma visão holística da interação entre os genes e seus efeitos sobre o fenótipo.
Um dos aspectos fundamentais para avanços nessas investigações envolveu o desenvolvimento e a aplicação de análises computacionais cada vez mais eficientes para armazenamento e interpretação dos resultados obtidos. Neste contexto, surgiu a bioinformática como um campo multidisciplinar, formado pela convergência de tecnologias computacionais, biológicas, biomédicas, agropecuárias e ambientais, gerando bancos de dados e ferramentas de análise visando responder a questões biológicas. Por meio da bioinformática é possível manipular uma grande quantidade e diversidade de dados biológicos; sendo os programas e algoritmos desenvolvidos capazes de armazenar, processar, analisar, decifrar estruturas, traçar relações entre moléculas e vias, interpretando grande quantidade de informações. À medida que as informações são geradas, novos avanços nas tecnologias relacionadas às “ômicas” vem sendo obtidos, os quais têm permitido, por exemplo, a identificação de mecanismos de sinalização transcricional, traducional e pós-traducional, que regulam as respostas biológicas ao estresse. Aliados à bioinformática, estudos com organismos-modelo têm sido fundamentais na elucidação das bases genéticas e bioquímicas sob estresse, permitindo a integração das informações relacionadas às várias “ômicas”.
Em vista da emergência e importância da Bioinformática, há uma demanda por profissionais e pesquisadores na área, a qual tem sido suprida principalmente por egressos de cursos superiores do Sudeste do Brasil, onde estas abordagens já se encontram integradas aos cursos de graduação e pós-graduação, havendo grande necessidade de eventos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde ainda há grande carência de formação e conhecimento sobre a importância e os impactos da bioinformática nas ômicas. Nesse sentido, o SNNB tem cumprido um papel descentralizador, apresentando significativa repercussão sobre a comunidade acadêmica e científica das regiões norte e nordeste, incluindo universidades públicas e privadas, institutos de pesquisa, empresas das áreas de saúde, agropecuária, meio-ambiente, etc.
A importância do SNNB torna-se maior pela dificuldade que muitos pesquisadores e estudantes têm em participar do X-Meeting (evento nacional organizado pela AB3C, Associação Brasileira de Bioinformática e Biologia Computacional). A edição de 2015 deste evento ocorreu em São Paulo (SP), a de 2016 em Belo Horizonte (MG), enquanto a edição 2017 ocorreu em Águas de São Pedro (SP) - link para o site do último evento – estando o próximo evento (2018) programado para ocorrer no mesmo município, no estado de São Paulo. Além de promover a descentralização de um evento na área de bioinformática, o SNNB tem como finalidade a disseminação da bioinformática e das ômicas com baixo custo, destinada a um público-alvo que geralmente não tem como financiar sua participação em eventos da área, especialmente aqueles que ocorrem no sudeste e sul do Brasil, considerando o valor significativo das inscrições, hospedagem e transporte. O SNNB ainda tem apresentado impactos junto a profissionais da área privada em setores relacionados à genética como clínicas, hospitais, hemocentros, startups da área de bioinformática, biotecnologia e biomedicina e atores da biotecnologia voltada para projetos agropecuários.
Na sua presente edição a comissão organizadora do SNNB escolheu o tema central “Big Data: Desafios para a Bioinformática”, em vista do crescente volume de dados gerados pelas pesquisas em ômicas que demandam análises computacionais e armazenamento.
A presente proposta prevê a realização do III SNNB na cidade do Recife, localizada no estado de Pernambuco, a qual tem aproximadamente 1,6 milhões de habitantes, sendo a quarta capital brasileira na hierarquia da gestão federal, após Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Possui a quarta concentração urbana mais populosa do Brasil, após São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Recife tem, num raio de 300 km, três capitais estaduais relativamente próximas: João Pessoa (122 km), Maceió (257 km) e Natal (286 km). Sua região metropolitana, com mais de 3,9 milhões de habitantes, é a oitava mais populosa do Brasil, além de ser a terceira área metropolitana mais densamente habitada do país, superada apenas por São Paulo e Rio de Janeiro.
O Recife conta com importantes universidades públicas e privadas, sendo a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a primeira universidade do Norte-Nordeste a figurar no Ranking Universitário Folha (https://ruf.folha.uol.com.br/2017/ranking-de-universidades/), na 11ª posição. Foi berço da primeira Faculdade de Direito do país (fundada em 1827) e da segunda faculdade de medicina (1927) e uma das primeiras na área de filosofia. Seu Campus Recife foi fundado em 1946, havendo atualmente mais dois Campi no interior do estado (Vitória e Caruaru). Compreende 2.680 professores e cerca de 40 mil estudantes em 103 cursos de graduação e 180 de pós-graduação, sendo 51 de doutorado (a maioria também com mestrado), 77 de mestrado e 52 de especialização.
A cidade conta também com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), instituição criada em 1912 pelos monges beneditinos no Mosteiro de São Bento em Olinda, tendo medicina veterinária como seu primeiro curso. Conta com 1000 docentes e 17.000 estudantes de graduação e pós-graduação. Especializada em cursos no âmbito das ciências Agropecuárias, Biológicas e em outros cursos que concorram para o desenvolvimento educacional, científico e social. A UFRPE conta com sede em Recife e um extenso programa de interiorização no estado de Pernambuco com Campi em Cabo de Santo Agostinho (UACSA), São Lourenço da Mata (CODAI), Serra Talhada (UAST) e Garanhuns (UAG), além de cursos à distância (EAD).
Outra universidade importante é a Universidade de Pernambuco (UPE), instituição pública de nível estadual que conta com 948 docentes e cerca de 20 mil estudantes (sendo 4 mil de pós-graduação). Fundada em 1912, compreende as faculdades de Ciências Médicas de Pernambuco, de Odontologia de Pernambuco, de Enfermagem Nossa Senhora das Graças, Escola Superior de Educação Física e o Instituto de Ciências Biológicas. Possui campi descentralizados e espalhados por diversas cidades do estado (Arcoverde, Caruaru, Garanhuns, Nazaré da Mata, Palmares, Petrolina, Salgueiro e Serra Talhada). Dentre as universidades privadas, a Universidade Católica de Pernambuco detém 15 mil estudantes, compreendendo um dos maiores complexos de ensino jesuíta do Brasil. Também se destacam o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), que pertence à Rede Federal de Educação Tecnológica, está situada na Cidade Universitária.
O Recife também concentra o maior polo médico do Norte-Nordeste e o segundo maior do Brasil (com mais de 5.000 pessoas empregadas). Merecem destaque também o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), com equipe técnica composta de mais de 100 membros pesquisadores e técnicos, a Embrapa Solos (em Recife), Embrapa Semiárido em Petrolina, o Instituto Aggeu Magalhães (IAM, FIOCRUZ), o LIKA (Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami), o CETENE (Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste) e um dos mais conceituados hemocentros da região Nordeste (HEMOPE), todos com participação prevista no evento.
Há um grande engajamento da comunidade científica e acadêmica local no sentido de participar ativamente da organização do III SNNB e garantir a adesão de um grande número de profissionais e discentes. Dessa forma, a realização deste evento em 2018 em Recife será relevante em várias frentes, contribuindo para a integração entre os cientistas da região, interagindo com a comunidade e o setor produtivo, além de estimular as pesquisas em genética, auxiliando na estruturação de grupos de trabalho e colaborações em âmbito regional e nacional.